Reforma tributária e EC 132/2023: impactos reais no caixa e no planejamento do seu negócio

A Emenda Constitucional 132/2023 criou a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). Embora o debate tenha ganhado destaque nos tribunais, o verdadeiro desafio recai sobre quem emite notas, calcula preços e fecha o mês: empresas de todos os portes. Entenda, a seguir, como as novas regras influenciam custos, margens e processos internos — e saiba o que fazer agora para proteger seu caixa.

Sumário

  1. Principais mudanças que afetam sua empresa
  2. Quanto vai custar se adaptar?
  3. Impacto no fluxo de caixa e na precificação
  4. Cinco passos práticos para se preparar
  5. O cenário político e institucional
  6. Conclusão

1. Principais mudanças que afetam sua empresa

O empreendedor brasileiro que esperava mais simplicidade com a reforma tributária precisa ficar atento: segundo o Superior Tribunal de Justiça (STJ), a criação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) pode triplicar a quantidade de disputas tributárias. Em vez de simplificação imediata, o que se desenha é um cenário de insegurança jurídica, risco de autuação e aumento nos custos com contabilidade e jurídico. Este artigo explica como isso impacta diretamente as empresas e o que pode ser feito para mitigar os riscos.

As principais mudanças que afetam sua empresa, são:

  • Tributação dual: CBS (federal) e IBS (estadual/municipal) incidem no mesmo fato gerador, mas seguem regras e alíquotas próprias.
  • Créditos financeiros: insumos geram créditos que abatem débito dos novos tributos, exigindo rastreio rigoroso das entradas.
  • Nota Fiscal eletrônica unificada: a promessa é simplificar, mas exige atualização de sistemas para novos campos e códigos.
  • Comitê Gestor do IBS: órgão único para definir alíquota padrão; alteração poderá ocorrer anualmente, afetando preços.

2. Quanto vai custar se adaptar?

Frente de adequaçãoPequena empresaMédia empresaGrande empresa
Atualização de ERP/Nota GatewayR$ 5–15 milR$ 40–120 milR$ 300 mil +
Treinamento contábil/fiscalR$ 2–5 milR$ 15–30 milR$ 60 mil +
Consultoria de precificaçãoR$ 3–10 milR$ 20–50 milR$ 80 mil +

Fontes: estimativas a partir de fornecedores de ERP, consultorias fiscais e dados de mercado (abril/2025).

3. Impactos diretos para as empresas

Empresas de todos os portes podem ser impactadas, principalmente aquelas que:

  • Operam em mais de um estado ou município;
  • Atuam com regimes especiais de tributação;
  • Dependem de planejamento tributário para manter a margem de lucro.

Com a ausência de um modelo de cobrança unificado, será comum ver empresas enfrentando múltiplas ações judiciais ou administrativas ao mesmo tempo, em diferentes esferas da Justiça. Isso aumenta o risco de autuações fiscais e exige maior cuidado na documentação e nas obrigações acessórias.

Além disso, o custo de compliance tende a crescer, exigindo mais da contabilidade, do jurídico e das soluções de automação fiscal como as oferecidas pela Nota Gateway.

4. Cinco passos práticos para se preparar

O cenário de transição exige atenção redobrada. Veja algumas ações que sua empresa pode tomar:

  1. Mapeie seus processos fiscais: liste todos os CFOPs, códigos de serviço e exceções. Comece pelas operações de maior faturamento.
  2. Atualize seus sistemas Nota Gateway ou ERP: certifique-se de que já há suporte para CBS, IBS e escrituração eletrônica 4.0.
  3. Revise sua precificação: simule cenários com variação de alíquota entre 2% e 5%. Ajuste suas tabelas antes da nova regra entrar em vigor.
  4. Renegocie contratos: inclua cláusulas que permitam repassar variações tributárias automaticamente, protegendo sua margem.
  5. Capacite sua equipe: treinamentos tributários reduzem riscos de autuação e melhoram o aproveitamento de créditos.
  6. Implemente tecnologia de compliance fiscal: invista em ferramentas para cruzamento de dados, emissão correta de documentos e integração com a contabilidade.
  7. Monitore a regulamentação: acompanhe decisões judiciais, normas da Receita e diretrizes do Comitê Gestor do IBS/CBS.
  8. Conte com apoio especializado: uma consultoria tributária pode evitar erros caros e antecipar oportunidades na transição.

Ferramentas como a Nota Gateway podem ser aliadas estratégicas na organização e no controle da emissão de notas e relatórios fiscais durante essa transição.

5. O cenário político e institucional

O relatório do STJ gerou desconforto entre membros do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que também analisa a implantação do contencioso pós-reforma. O grupo conta com representantes do Judiciário, da AGU, da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e das procuradorias estaduais e municipais.

Apesar de apontar riscos reais, o relatório foi criticado por focar nos efeitos sobre o Judiciário e não propor soluções concretas para garantir segurança jurídica ao setor produtivo. Especialistas alertam que a ausência de um Comitê Gestor efetivo e a sobreposição de competências entre os entes federativos podem tornar a vida do empreendedor ainda mais complexa.

Conclusão

A reforma tributária, embora prometa simplificação, pode trazer desafios sérios para as empresas, especialmente neste período de transição em que as regras ainda não estão totalmente definidas. O empreendedor precisa se antecipar: investir em automação, manter seus sistemas atualizados, revisar contratos e contar com apoio técnico são medidas essenciais para enfrentar esse novo cenário com segurança jurídica e menos riscos de autuação. Em um ambiente onde o número de processos pode triplicar, estar em conformidade com as obrigações fiscais pode ser o diferencial entre crescer ou afundar em litígios.

Mais do que um tema jurídico, a EC 132/2023 representa uma mudança operacional profunda que impacta diretamente o dia a dia das empresas. Ajustes em ERP, política de preços e contratos são urgentes. Quem age agora garante créditos, evita passivos tributários e se posiciona à frente da concorrência. Utilize os passos práticos apresentados neste artigo, acompanhe a evolução das alíquotas e mantenha um diálogo constante com seu contador. A reforma é inevitável — transformar o impacto em vantagem competitiva depende exclusivamente de planejamento.

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