O IVA Dual será a espinha dorsal da nova tributação sobre consumo no Brasil. Ele substitui cinco tributos atuais por dois — IBS e CBS — e inaugura um sistema mais transparente, uniforme e baseado no valor agregado.
Neste artigo, você verá como o cálculo funciona na prática, quais informações são necessárias e como sua empresa deve se preparar.
O conteúdo abaixo foi produzido com base em material de referência, adaptado e reescrito para o Blog da Nota Gateway.
O que é o IVA Dual
O IVA Dual é o modelo criado pela Reforma Tributária para reorganizar completamente a tributação sobre bens e serviços no país.
Ele é composto por dois tributos harmonizados:
CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços): federal, substitui PIS e Cofins.
IBS (Imposto sobre Bens e Serviços): subnacional, substitui ICMS e ISS.
Essa arquitetura permite que União, estados e municípios mantenham autonomia de arrecadação, mas sob regras unificadas e padronizadas.
Como funciona o cálculo no IVA Dual
A lógica é simples: tributar apenas o valor agregado. Isso significa que o imposto devido corresponde à diferença entre o imposto das suas vendas e o imposto já pago nas suas compras.
O cálculo envolve duas partes:
Débito: imposto sobre as vendas (saídas).
Crédito: imposto destacado nas entradas (compras de bens, serviços ou direitos relacionados à atividade).
A fórmula é direta:
Imposto a recolher = Débito – Crédito
Cada etapa da cadeia paga imposto apenas sobre o valor que adicionou ao produto ou serviço.
Exemplo prático de cálculo
Uma fábrica de sapatos vende um par por R$ 300. Para fabricá-lo, comprou couro e outros insumos por R$ 150. Supondo uma alíquota de 25% (hipotética):
Imposto sobre a venda (débito):
R$ 300 x 25% = R$ 75
Imposto sobre a compra (crédito):
R$ 150 x 25% = R$ 37,50
Imposto a recolher:
R$ 75 – R$ 37,50 = R$ 37,50
Esse valor corresponde exatamente à alíquota aplicada sobre o valor agregado (R$ 150).
Principais elementos que afetam o cálculo
Ampla não cumulatividade — A empresa poderá aproveitar todo o imposto pago nas entradas, evitando tributação em cascata.
Incidência no destino — O imposto será recolhido no local de consumo, o que altera preços relativos interestaduais e elimina a guerra fiscal.
Alíquotas uniformes — A maior parte dos bens e serviços utilizará a mesma alíquota, reduzindo exceções e simplificando sistemas.
Revisão de contratos — Com mudanças na base de cálculo e na forma de destacar o imposto, empresas precisarão revisar cláusulas de preço, repasse e reajuste.
Impacto setorial — Indústrias tendem a ser beneficiadas pela eliminação de cumulatividade. Serviços podem ter aumento de carga, compensado pela possibilidade de créditos.
Quando o IVA Dual começa a valer?
A implantação não será imediata. A Emenda Constitucional 132/2023 definiu uma transição gradual:
2026: início da cobrança de IBS e CBS com alíquotas reduzidas.
2029 a 2032: aumento gradual das alíquotas do novo sistema e redução dos tributos antigos.
2033: extinção total de ICMS, ISS, PIS e Cofins; IVA Dual passa a operar integralmente.
Como calcular o IVA Dual dentro da sua empresa
Para realizar o cálculo corretamente, sua empresa deverá:
- Identificar o valor das vendas tributáveis.
- Aplicar a alíquota do IVA Dual para obter o débito.
- Mapear todas as entradas que geram crédito.
- Registrar corretamente os créditos destacados nas notas fiscais.
- Subtrair crédito de débito.
- Recolher o valor apurado.
Sistemas de gestão e automação fiscal serão essenciais nesse processo, especialmente durante o período de coexistência entre os dois modelos tributários.
Desafios para o cálculo no período de transição
O principal desafio é lidar simultaneamente com o modelo atual e o novo modelo.
Além disso, empresas precisarão:
- Atualizar ERPs e integrações fiscais.
- Revisar processos internos de compras, vendas e contratos.
- Reclassificar operações para adequar-se ao princípio do destino.
- Garantir controle rigoroso de créditos para evitar inconsistências.
Órgãos federais já reforçaram que a adoção tecnológica será crucial para evitar erros. Segundo comunicação oficial, “a automação será decisiva para garantir o cálculo correto e o cumprimento das obrigações”.
Preparação antecipada: por que é essencial
Calcular o IVA Dual corretamente não será apenas uma exigência legal; será um diferencial competitivo.
Empresas que se prepararem antes poderão:
- Evitar contingências fiscais.
- Reduzir retrabalho e custos de adaptação.
- Capturar créditos de forma precisa.
- Ajustar preços com previsibilidade.
- Adotar o novo modelo sem instabilidade operacional.
A transição é longa, mas o impacto será imediato para quem deixar para depois.
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